Dos libertos: integração

O silêncio da navalha do destino

dissolve toda arte de ser.

As concubinas do universo

conspiram e procriam

atmosferas menos pútridas,

menos banais, menos sutis.

Deve-se transcender...

O nosso silêncio é de morte.

Nossa Vontade, perfeita.

Palavras burbulham no mar austero

inevitáveis e indomáveis.

Há uma grande vantagem em canalizar

todas as dores

de todos os homens.

Há um grande prazer em modificar

a contemplação dos que querem viver.

Nós cantamos a dor e o amor que é existir.

Desenhamos as verdades indesejáveis.

Eu observo transtornada o espetáculo masoquista

que é a liberdade

e me deixo ser estranhamente plena.

A confissão é complexa;

há uma vontade que enseja

o sexo das almas, o impudor,

despudor e pura dor...

O bolor do passado

encobre os estigmas do horror.

Agora o medo perde espaço;

estamos desvelando o absurdo

das sensações, das rupturas,

fragmentos e enigmas...

O Amor liberto almeja a todos.

Tudo me é rascunho

e eu, um traço,

um passo,

um espasmo.

J. Evelyne - Agosto de 2012