Vestígios de uma Inspiração
Vestígios da noite vazados dos sonhos
pelas frestas e arestas de um contemplar
de olhos castanhos que miram tranquilos
as sombras daquilo que não posso explicar.
Vestígios secretos da algoz madrugada
gravados no limbo de algum pesadelo
das mentes dormentes estarrecidas
que mesmo acordadas não despertam pra vida.
Resquícios nos versos de letras ambíguas
de estrofes longínquas da beira do mar
por onde asteroides de peixes extintos
resistem nos fósseis de um surto estrelar.
Viagens e aragens em terra de poeta
que semeia flagelos sem dó nem pudor
nas folhas prostradas nos galhos da vida
voando nos ares do outono do amor
ou, singelas primaveras em campos de guerras
ou, verões escaldantes de areias desérticas;
metafóricas escolhas, vertigens retóricas,
de rumores de cores plenas pictóricas.
Vestígios recentes de nuvens e brumas
de um novo poema e sua imagética
tão gasta de estirpe nociva e eclética
ou apenas dizendo flores exorbitantes.