De um Querer Inóspito um Sonho Utópico

Queria uma inspiração amanhecida

que carregasse os versos de letras

douradas e eternas e infinitas,

que fizessem a poesia interminável.

Queria as sobras de um livro novo

que caíram de suas páginas velhas

roídas as traças, rasgadas aos verbos

conjugados em vertigens e flagelos.

Queria um sol que alumiasse o coração

que nesse instante é uma penumbra

nevoenta como um olhar pranteado,

tão choroso pelos dias que falecem.

Mas, são só quereres e insanidades

escorrendo pelos poros de uma alma,

escolhidos a dedos calejados e feridos

pelas canetas e pelas cordas de um violão;

e na seresta cantada à noite solitária

um emblema metafórico de analogias

tão complexas e perplexas que morri,

tão convexas e desconexas que parti.

Queria a luz do entendimento no jantar

a luz de velas vermelhas, azuis e amarelas

ou talvez um fogareiro a iluminar

todas as coisas que não posso contemplar.

Queria a pena mais secreta do poeta

que indiferente versifica a foz da mente,

que inconsciente poetiza o invisível

além do plausível, rimas do indizível.

Queria a faca e o seu sangue no punhal

a repelir todo inóspito e brusco mal

que foge às pressas das palavras dos feitiços

que eu conjuro em dias ritualísticos.

Mas, são sonhos catalépticos utópicos

deixados pelos jardins de heliotrópios,

deixados nas lentes de um microscópio

por onde o olhar não pode vislumbrar

as entrelinhas dessa estrofe cósmica,

as bactérias dessa doença tão fatal;

mas, além dos montes eu guardei um arco-íris

e um alforje repleto de novas rimas.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 15/07/2013
Código do texto: T4387782
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