De repente
De repente eu sangrei um verso
Falava de mim
Era meu refúgio
Sangrei-o sem pestanejar
Derramei-o no papel
Papel surdo aos meus pedidos
Mudo aos meus gemidos
Mas lá estão agora minhas feridas
Meus desejos
Minhas mentiras
Mais que isso! Minhas verdades!
Sou de sopro em sopro cada linha
Cada sussurro
Cada excrescência
Cada excremento
Pronto! Estou exposto num olhar
Sou o poema
Escrevo
De repente está lá
Como um pedaço de meu mundo
Latejando e sentindo
Perdendo o fôlego e morrendo
Mas antes disso
Quero que se deixe ver
O quanto ainda sou
O que de repente escrevo
Já que depois
Só restará o ponto final!