De repente

De repente eu sangrei um verso

Falava de mim

Era meu refúgio

Sangrei-o sem pestanejar

Derramei-o no papel

Papel surdo aos meus pedidos

Mudo aos meus gemidos

Mas lá estão agora minhas feridas

Meus desejos

Minhas mentiras

Mais que isso! Minhas verdades!

Sou de sopro em sopro cada linha

Cada sussurro

Cada excrescência

Cada excremento

Pronto! Estou exposto num olhar

Sou o poema

Escrevo

De repente está lá

Como um pedaço de meu mundo

Latejando e sentindo

Perdendo o fôlego e morrendo

Mas antes disso

Quero que se deixe ver

O quanto ainda sou

O que de repente escrevo

Já que depois

Só restará o ponto final!

Tato Silva
Enviado por Tato Silva em 14/07/2013
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