Perturbação
Roubou minha consciência
Tal como o diabo rouba uma alma para si
Como a liberdade é cortada junto com as penas
Asas quebradas, sonhos perdidos
Restituídos num breve poema.
E riu-se todo
Tal como o diabo enxerga na cruz a felicidade
Prendeu-me, torceu-me, atou-me num nó bem feito
Poema ácido, verso sem vida, um tapa em forma de rima
Passou a madrugada maquinando uma vingança poética
Numa felicidade instantânea e eclética.
Afundou-se na própria dissimulação
Contou errado o caminho das estrelas
Perdeu-se no eixo que o ligava ao infinito
Fez uma oração que não encontrou o caminho devido.
Por fim, esqueceu que a poesia é coisa de sangue
Um poema não é para ser entendido
Apenas o ame e o odeie
Assim terá o efeito pretendido.
Apenas assim.
O resto não faz o menor sentido.