Minha saudade s'estende tanto
Que se torna muitíssimo esguia.
E de tão fina,
Quase não se avista
Minha saudade, a deixo num canto
Adormecida,
E cubro tão bem, que quase me esqueço
Sobrevida...
Minha saudade não tem pernas nem braços
E seus olhos moram longe...
Mas veleja em mares altos
Assustada,em sobressaltos
E passeia nas ruas
Fervida
Escaldada
Em infernais asfaltos...
E s’estremece quase sem vida
Amarrada
Pendurada
Em invernais cadafalsos
Viaja em ritmados movimentos
Perdida em vagões de trens
Em vai...
Em vens...
A saudade é una
Mas a poesia,
A divido em duas,
A minha e a tua
E se o tempo não passa nem pensa
Em saudade repenso
Qu’é pra inda mais mergulhar
E então obter alguma recompensa