Veia Poética
Correm letras pelas velhas veias.
Derramam artes pelas certeiras, mas arteiras artérias.
Transbordam de versos as bacias das faces cheias.
Que por fim, sufocam de rimas os pulmões em apnéia.
Minha morte seria repleta de prazeres.
Se por vezes meu coração parasse a cada poema lido.
Minha vida enfim, por fim, no fim, teria valido.
Se desses vícios poéticos junto comigo padeceres.
Seria então completa a esperada e plena catarse das escritas acabadas.
O ápice literário dos épicos e frenéticos deleites declamados.
De letras, rimas, métricas e versos ao chãos derramados .
Assassinados numa despedida de estrofes entorpecidas e fatigadas.
O fim seria,
Da rima nunca.
Do poema jamais.
De minha e de tua vida sim, seria.
O fim mais aprazível e bem vindo.
De amantes viciados em poesia.
Então em nossa lápide esculpido teria:
"De rimas e versos entorpecidos,
De letras e prosas entupidos,
Da poesia abatidos, juntos e pra sempre
Aqui jaz..."