Só na eternidade
Ontem à noite saí pelas ruas desertas
À procura de mim.
Encontrei sombras, projetadas
Pela iluminação pública.
Não quero sombras, quero gente
De carne, osso e sentimento.
Sentimento? O que é isso?
Questiono o vento:
Onde está a jovem sonhadora?
Não por estas bandas, ele responde.
E a guerreira e corajosa
Que enfrentou o desconhecido,
Nos confins dos países nórdicos?
Também faz tempo que não tenho notícias dela.
E a sofredora, desiludida do amor?
Qual delas? Existem centenas, milhares, milhões.
Sou tantas assim?
Não só você, mas uma multidão anônima.
Mulheres que amam demais....
Quero saber de mim, juntar os cacos,
As vitórias, os fracassos, as alegrias,
Os encontros e desencontros.
Quero família e amigos ao meu redor.
Juntar na mesma pessoa, a menina, a jovem
E a mulher madura.
A idosa ficaria de fora como observadora.
O vento, que é sábio, pondera:
Satisfazer o seu desejo? Só na eternidade.