CADERNO de SANGUE

Badalam horas tortas dos sinos de fogo da igreja macabra

e monarcas com testas de seta aparecem nos ginetes de patas de planta

da boca carnuda e vermelha da mulher linda baratas e larvas escapam

o momento é de proliferação do crime

a lógica é o esqueleto do mesquinho e do rasteiro

intencional é ser vítima e só

A imensa cobra de pele escura leva no trono do cocuruto

a inconcebível moça nua

quando alado é olhar por cima do ombro do desconhecido

e furtar a memória proibida

pois a guerra não é apenas o incesto da covardia com a morte

mas a lacraia descabelada da intimidade sangrenta e doida

Se o carrossel desfila vampiros e anjos escorraçados

aqueles precipitados no abismo falam pela bola de cristal

da cigana sem tato

chega uma hora o leão agita a juba

e a prisão é a rua sem nenhum contato

quando a crença esgota a longa paciência

a perseverança é o grito de adeus do selvagem

quando o monstruosamente imaginado

é ineficaz frente à realidade

quando o brilhante da teoria revela a mente desequilibrada

o fatidicamente uma baioneta resultante da terra e do raio

quando penas pairando no ar são maldizências das políticas-forjadas

e pajés armados até os dentes dominam as estradas

tudo o que resta é o sorriso desavisado do morticínio

que se lambe pelos olhos do impassível fraco

anotado no caderno de sangue do que se vinga de si mesmo no mundo

dizendo que é mago