VALSA SEM ALARDE

um violão a mesa a cama feita

de retalhos do tempo e da saudade

a foto na parede já desfeita

ainda guarda uns tons de alacridade

a casa pequenina a sala vasta

de trastes que a memória põe pra fora

sob o ângulo do verso se disfarça

horas que já foram (e são agora)

o quarto carregado de gravuras

vale todo um cinema em fim de tarde

onde assistimos todas as loucuras

que nunca alguém pintou ou fez romance

o relógio (parado) quer que eu dance

uma valsa mortal mas sem alarde

Don Aragone
Enviado por Don Aragone em 11/07/2013
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