VALSA SEM ALARDE
um violão a mesa a cama feita
de retalhos do tempo e da saudade
a foto na parede já desfeita
ainda guarda uns tons de alacridade
a casa pequenina a sala vasta
de trastes que a memória põe pra fora
sob o ângulo do verso se disfarça
horas que já foram (e são agora)
o quarto carregado de gravuras
vale todo um cinema em fim de tarde
onde assistimos todas as loucuras
que nunca alguém pintou ou fez romance
o relógio (parado) quer que eu dance
uma valsa mortal mas sem alarde