TANTO

Devo piscar antes de ver,

devo lavar antes de comer,

devo pensar antes,

falar menos, devo tanto.

Fechar antes de sair, abrir

se for permitido, lembrar

o que escrevi no bilhete:

onde estão as chaves¿

Devo retribuir o sorriso e

não falar com estranhos:-

fumar depois do sexo

é clichê de cinema americano.

Mas, é tempo de construir! erguer

andaimes nos arranhas céus

já que as bolsas de Nova York

em Seul estão vazias de dinheiro.

E por toda parte há fome:

as coisas agora têm fome...

mesmo uma sombra anda a

devorar o calcanhar distraído.

E os passos rápidos e lépidos e ligeiros e vorazes e disciplinados não levarão mais

a lugar algum: nem onde, nem quando.

Porque nunca desejaram sair

se para a firmeza no chão foram feitos ,

e antes de caminhar estão.

De olhar as nuvens as guardo doces,

E de amar tanto apascento teus rebanhos.

E basta tombar para o lado

A cabeça que releio a carta,

o bilhete memorando, a

cena memorável de qualquer instante.

E a fome volta a devorar as sombras...

as sombras a luz e a luz o dia com

suas nuvens no céu de Seul,

no coração da América.

Devo piscar antes de ver,

devo lavar antes de comer,

devo pensar antes,

falar menos, devo tanto.

Tanto.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 11/07/2013
Reeditado em 11/07/2013
Código do texto: T4381955
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