LIBERTA-ME, POESIA!



Desamarra o verbo e o verso,
Desembaraça-te, poeta!
Liberta a palavra!
A palavra melancólica,
A palavra vibrante,
A mansa e a enfurecida, 
A erudita e a vulgar,
A palavra acetinada pelo amor,
A bêbada de paixão,
A orvalhada pelos olhos,
A gaguejada pela emoção.

Libertas todas,
Correrá solta a Poesia,
Nua e descabelada,
Descalçada,
Doida!

Quanto mais se a pensa,
Mais se a liberta.
Pensá-la constantemente
Não é cálculo...
Senão instinto de sobrevivência.
De si, de mim, de ti.
Catarse.
Desobstrução.
Desincrustação
Dos sentimentos e pensares.

Palavras corrediças.
Palavras que lavro e que lavras,
Livres como borboletas!
Borboletas com asas de poesia,
Translúcidas e vaporosas.


       Entra, aragem perfumada do Olimpo!
       De minha casa há muito destravei a tranca. 
       Entra e me liberta.... 
       Endoidece-me!



imagem editada: KML
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 05/04/2007
Reeditado em 02/06/2011
Código do texto: T438171
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