Palavras desesperadas
O que eu queria
Era essa dor fora do peito
Melhor dizendo
O coração fora de mim
Qualquer motivo
Qualquer forma
Qualquer jeito
Só quero mesmo
Que a agonia tenha fim.
Corto meus pulsos
Vejo o sangue gotejando
A minha vida
Escorrendo pelo ralo
Sei o que sinto
E o que quero
Mas na hora
Naquela hora
Muda tudo
E eu nada falo.
Quero seus olhos
Nos meus olhos
Fixamente
É permanente
O seu nome na memória
Enquanto o sangue
Continua gotejando
Penso na vida
Nas despedidas...
Já estou chorando...
Enquanto a vida
Cada vez mais longe
Você parece cada vez
Mais perto
Quero você
Em todos os momentos
Mesmo que isso não pareça certo
E o que é certo
Nesse purgatório?
Viver?
Amar?
Querer?
Ser o que sou?
A linha reta
Leva até você
E é nessa linha
Que sem medo
Eu vou!
Cadê você?
Em que braços se esconde?
Veja meus braços
Totalmente abertos
Corra até eles
Siga os meus caminhos
Embora os mesmos
Não pareçam certos!
Joga o relógio
E esqueça do tempo
Há muito tempo
Espero por você
Aproveita e joga
O calendário
Não deixe Cronos
Assustar você.
Venha comigo
Pra errar um pouco
Ser sempre certa
Nunca te fez bem
Um beijo é pouco
E dez não é razoável
Em um minuto
Dou-te mais de cem!
Meu coração
Batendo bem mais lento
No pensamento
As mesmas sete letras
Os meus poemas
Já não valem nada
Minhas ideias
São obsoletas.
Com a cor dos olhos
E dos seus cabelos
Com a cor dos lábios
E da sua pele
Eu pinto
A minha última paisagem
Que meu amor
Por você se revele.
Minhas mãos aos céus
Sangue pinga no rosto
Estranho é o gosto
Do meu sangue quente
Lembro do beijo
Que te dei no rosto
Mas da sua boca
É que eu estou carente!
Pegue minha não
Enquanto tenho vida
Depois da partida
Não há porque chorar
Pense bastante
Ou melhor, nem pense
Pois só você
É capaz de me salvar.