Silêncio Iconoclasta

Ouves o metrônomo quando a infância morre,

Pois a idade da inocência é livre da rítmica da vida;

Passas a contar as batidas criando músicas nos intervalos,

Úberes idéias transam fecundando ilusões guiadas pelo acaso,

A ambição idealiza os espaços seguintes criando os sonhos,

O desejo de criar o futuro o deixa mecânico como as batidas,

Passas a contá-las trabalhando como sua engrenagem

Em prol da espera de espaços maiores que nunca são suficientes,

A música do espaço oscila entre a harmonia e o caos

Em cada batida afrouxando as engrenagens da vida,

Agora somente conta as batidas

E usa os espaços para lembrar o que já fez

Pois as fibras onde o pulsar bate estão lassas demais

Para realizar o que os sonhos não cumpriram,

As batidas tornam-se mais fortes e o eco é um ruído longo

Que tapa qualquer possibilidade de uma música nova

Pois ele termina de ressoar apenas quando chega outra batida,

Uma batida estrondosa ressoa e os desejos e lembranças

Confundem-se construindo um altar de imagens cronológicas

Que são varridas para as trevas com o soar ensurdecedor

Do silêncio iconoclasta.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 10/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4379976
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