Teatro da Desgraça
O peso da estupidez humana cai sobre o rosto
Tornando impossível o movimento de sorrir,
É a queda, a implacável lei da gravidade;
Em um ato de desespero os anzóis da vida
Pescam nossas pálpebras para assistirmos
O massacre do belo e sublime,
Para nossos olhos combinarem
Com nossa face da tragédia,
Para em uma explosão atlântica
As lágrimas inundarem de amargura
O coração da arte e a enchente da revolta
Varrer a epidemia paraplégica da incompetência
Que deixaram inertes os membros que pintavam a beleza;
Em resposta, a Besta que existe no coração mortal
Alimenta-se do cataclismo artístico,
Brindam nossas lágrimas e se afogam em cifrões
Enquanto as plateias são transformadas em Hienas
Que consomem em delícia imundices e podridões
E tornam-se sem saber mais imundas e podres
Do que as vilanias que se alimentam,
Horrorosas, riem da desgraça alheia em zombaria
Sem saber que estão zombando de si mesmas;
O último ato da humanidade
É comprar remédios para as dores do espírito,
Uma dose de lepra destilada na alma,
Para tornarem-se fantoches de seus prazeres primitivos
E inibirem as dores que lapidam o ser e constrói a beleza,
Que morre em vocês afogada pela cólera de minhas lágrimas.