Poesia.
Nas ruas, um carro passa
Os carros passam
um a um
aos poucos.
As árvores enfileiradas
se aprumam do começo ao fim da rua.
E os prédios elevam-se em blocos.
Num canto da cidade
casas mal acabadas agrupam-se
diferentes, desiguais
massa empelotada à vista
Arquitetura não inscrita.
A nuvem,
Resquício de tela branca do quadro azul.
Nesse exato instante todos estão às ruas
E também nas casas e prédios,
todos estão nos parques e nos bares,
nas calçadas, nas janelas, nas alamedas,
atravessando a ponte, alugando vídeo
casando, assistindo TV, caminhando,
ouvindo música
e os outros todos:
que estão cantarolando, contando piada,
andando de ônibus, esperando o trem,
trabalhando nos restaurantes, consertando as antenas,
lavando o carro, rezando, fumando
abraçando, só, a dois
em três, seis, família, cachorro,
e todos:
estão cozinhando, podando o jardim,
procurando o molho de chaves, escrevendo um texto
pagando as contas, tirando dinheiro do banco
lavando o chão, comendo feijão, das lavouras ao mar
nestas tantas.
E todos estão.