O Senhor do mundo

À noite, adormecido os olhos,

Enquanto o silêncio valsava com as horas,

O tempo urgia.

Sob o efeito do frio,

Que paredes,

Que lençóis,

E que corpo alvorecido protegia o homem que levantava.

Encriquilhado, mal ouvia o gorjear dos pássaros;

A chuva, que lhe endurecia as cadeiras;

O escuro que lhe esgueirava à cegueira,

Deixava-lhe de mau humor o dia inteiro.

Não se lembrava de coisas e quando falava,

A rouquidão da voz baixava a tonalidade,

E pouco se fazia entender.

Tudo lhe impacientava e mesmo sabendo andar,

Acorcovava-se num cajado, que lhe ajudava a caminhar.

Não distinguia mais o dinheiro;

Não sabia bem o sentido da beleza;

Sua musa, uma moça na flor da idade só servia para lhe preocupar.

O carro, as roupas e os perfumes de nada lhe valiam.

Passava horas a fio...

Olhando o tempo passar.

Sozinho nos fins de semana,

Já não sabia se era segunda ou sexta...

Com lágrimas nos olhos,

Naquele dia se deu conta da idade,

E que o tempo passa depressa,

Como uma única oportunidade de viver.

Ouvir dizer que ele pode ser como você...

Curtiu o prazer, mas do amor de verdade,

Só o que conhece é o sofrer,

Porque não se importou em conhecer.