desejo

Será isso amor

Tão misturado a sujeira

Tão cheio de amargura

Ou será mais um disfarce

Da sombra

Que tantas vezes já me

Enganou,

Tantas vezes desdém

Quantas vezes, eu já

Vou, pois a casa se

Mostrou imprópria

Ou instável as exigências

Febris do gosto e das contingências

Quantas janelas já se fecharam

Sei quê nem pra quê

Quantas portas se lacraram

E sem respostas ficamos

Na contramão de nós mesmos

E dessa vez, será mesmo

Amor, ou será de novo

A neurose de ter alguém

De estar sob o domínio

De alguma alma, de algum

Desejo, de estar na praça

Se exibindo como se amasse

Sua silhueta

Eu guardo

Assim como também

Sua cartilha insana

Guardo o fosso

Que cavouquei

Carvão que me chama

E no piso que se romper

Sequer amor de mulher

Atentarei ao que tenho

a mortes ao meus pés

O céu canta

Bem bonito

E a vida me ama

E eu acredito

Delicada é a dor

Que nos tempera

O peito...

E a minha cidade

Pulsa e lamenta

e chama Desejo...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 09/07/2013
Reeditado em 09/07/2013
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