desejo
Será isso amor
Tão misturado a sujeira
Tão cheio de amargura
Ou será mais um disfarce
Da sombra
Que tantas vezes já me
Enganou,
Tantas vezes desdém
Quantas vezes, eu já
Vou, pois a casa se
Mostrou imprópria
Ou instável as exigências
Febris do gosto e das contingências
Quantas janelas já se fecharam
Sei quê nem pra quê
Quantas portas se lacraram
E sem respostas ficamos
Na contramão de nós mesmos
E dessa vez, será mesmo
Amor, ou será de novo
A neurose de ter alguém
De estar sob o domínio
De alguma alma, de algum
Desejo, de estar na praça
Se exibindo como se amasse
Sua silhueta
Eu guardo
Assim como também
Sua cartilha insana
Guardo o fosso
Que cavouquei
Carvão que me chama
E no piso que se romper
Sequer amor de mulher
Atentarei ao que tenho
a mortes ao meus pés
O céu canta
Bem bonito
E a vida me ama
E eu acredito
Delicada é a dor
Que nos tempera
O peito...
E a minha cidade
Pulsa e lamenta
e chama Desejo...