Uma Noite numa Xícara de Chá
Era apenas uma noite
E uma xícara de chá fumegante
Vaporosa
Aromática erva entranhava
Nas minhas vísceras
Na luz do abajur
E nos fiascos raios de luar
Que entrava pela janela
Semi – aberta
Cheiro de oriente
Aquele chá tão quente
Anis cravo canela
Dilatava minhas pupilas
Perfumava meu nariz
E era apenas uma xícara
De chá
Numa noite eterna de inúmeros
Poemas inacabados
Versos madrugados
Que terminaram como gravuras
Repletos de nervuras
Do resto de chá
Quando já tinha esfriado
Derramados nalgumas folhas
Terminaram machados
Aqueles versos ficaram perfumados
Eram sonetos irregulares
Mas que podiam ser farejados
Tinham aromas
Tinham cores
Eram guaches que pareciam
Que tinham sido pintados
Mas eram apenas gotas de chá
Numa noite de poemas
Que não terminaram...
Numa noite em uma xícara
De chá.
Luiz Alfredo - poeta