Entendimento

No enigma das contradições,

A vida mata e a morte vivifica!...

Se tivermos o peso de uma borboleta,

Ainda assim não subiremos ao céu.

Pobres de nós, que pesamos como pedras, gansos,

Cães de caça, onça acuada,

Tatu, veado, vaca leiteira,

Homem, mulher,

Ovelhas, lobos e cordeiros...

Hoje, sou feriado.

Não sou nem mãe, nem professora,

Nem funcionária pública...

Amanhã, serei dia útil.

Lavarei roupa na máquina

Ensinarei a lição ao filho que ainda alcanço

Para ensinar

Farei almoço

E escreverei uma carta.

Quando der meio-dia e meia,

Tomarei o ônibus para trabalhar.

Viajarei pela avenida, que é de todos.

Não dirijo carro,

Dirijo palavras.

Esperam que sejamos santos

Mas não damos conta da santidade.

Expectativa de um lado,

Ansiedade de outro!...

Somos capazes apenas de certas bondades,

De certas purezas e heroísmos.

As virgindades servem para preocupar

E já causaram muito sofrimento!

Deus não queria isto.

Os homens nos entregam mapas de condutas

Diferentes da realidade.

A realidade vai para um lado

E as regras sociais, para outro...

Éramos tão principiantes

E acertávamos tanto!

Nossos maiores erros, cometemos depois,

Já velhos de casa...

Este coração que a terra há de comer

E esta alma que a terra não há de comer

Gostam de você!

Sim, eu te dou a minha mais roxa ametista!

Também nisso fui feita à Sua Imagem e Semelhança:

Gosto de agradar.

Viver no Brasil

Dá quase preguiça de estudar Línguas...

Falamos o mesmo Idioma,

Entendemo-nos.

Entendamo-nos!...

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Poema escrito em 1991.

Graças a Deus, além de dirigir palavras,

há um bom tempo, já dirijo carro...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 04/04/2007
Código do texto: T437679