Ser

Sou como acorde que vaga no espaço

fazendo vibrar as notas do compasso

da música da vida, da música da morte;

eu vou além do azar e vou além da sorte.

Sou um poeta matutino acordando com as flores,

se misturando a essa seiva me tornando cores,

então me despeço e regresso aos jardins

tão acústicos e esdrúxulos, perto do fim.

Sou como a corda no pescoço do enforcado

que não escapa a vida, sofrimento continuado;

sou cão alado, latindo parábolas siderais

pelas desilusões e nada ou algo mais.

Agora eu sou somente a tinta da caneta

entremeio as caretas no espelho convexo

tentando encontrar nexo nessa caminhada

que não tem parada, vai da noite até a madrugada.

Sou como o acorde que vaga no espaço

de um segundo, de um minuto, de eternidade;

sou inascido, não tenho idade, fico a vontade

sem rédeas, sem nacionalidade... Racionalidade.

Sou como a estrofe final da poesia e o fim do dia

que agiganta os sentimentos gritados aos ventos

que bocejam na face cansada e pálida do mundo;

sou somente eu, nem mais raso, nem mais profundo.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 07/07/2013
Código do texto: T4375985
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