Dos Invernos Infernos Presentes
Dos invernos infernos tão quentes
mas a última rosa ainda caliente
aquece meus sonhos a sós pela alcova
me prende aos anseios antes que me mova.
Dos infernos invernos tão frios
que congelam alguns sentimentos
e o que enfrenta a face é o vento
cortante, obstante pela manhã;
nascente e matutina com pássaros
na minha janela entreaberta
e meus olhares entre as cobertas
são visões de ti em nostalgia.
De um inverno o inferno solitário
e os sinos lá na torre do campanário
anunciam uma nova procissão
anunciam a aurora que vem concisa;
pois é tão áspero esse devaneio
de ter-te aqui, mas é insanidade
pois, em verdade a distância consome
no peito as paixões dos homens.
Do inferno um inverno no coração
e há dores reais entre alucinações
e há outros acordes entre as canções
e eu acordo e me despeço da noite;
e me despeço da última estrela
e me despeço dos meus desejos;
agora romperei os vizires dos versos
que se opõem a minha inspiração.
E lá bem longínquo uma esperança
e ela vem com flores e primaveras
e ela aquecerá meus jardins escassos
que cobrem as tumbas de algum amanhã.