Elegia
Todo trajeto é potencialmente sociopata,
todo amanhecer desperta uma expressão em riste,
olhares graves, dentes cerrados, bocas amargas.
Cedemos aos poucos e o tempo também cede aos poucos.
Percebemos cada vez mais dias nublados, de um cinza deprimente;
acredito que seja o céu seguindo a tendência das gentes.
Estamos nos deixando acostumar com esse caos
generalizado, idolatrado, que segue longe de qualquer
mumificação, enterro ou cremação.
Estamos todos prenhes de silêncio e pesar,
pensamos em ir embora, alguns querem se mesclar ao mar;
sabemos que tudo quanto existe permanecerá alheio
aos nossos medos e almejos e que em meio
às nossas súplicas por renovação e gritarias com a solidão
continuaremos sussurrando uma elegia à compreensão...