PÉ NA BUNDA

PÉ NA BUNDA

Tempo que eu perdi, eu para ela dei.

Fiz de uma plebeia a rainha mais bela,

Ela vivia em botequim num lugar lá no confim,

Levantei-a pela mão, assoprei o seu arranhão,

Com saliva limpei o seu rosto e senti o seu gosto.

O fogo que acendia era amor causando-me a dor.

Vivia ela cercada de má companhia que maldita ironia!

Eu dava um presente para vê-la tão contente,

Pois sabia que seu sorriso era meu alimento, era meu sustento.

Queria que ela se portasse como rainha, mas advinha?

Perdia o controle na bebida e virava a louca perdida,

Abandonava-me no castelo para viver um mundo paralelo,

Sofria por ela ser a dona de meu coração e ela esmagava-o no chão;

Sem assunto com amigos da nobreza, preferia amigos da incerteza,

A senhora dos homens casados e tendo outros vícios como pecados,

Também tem o aproveitador, que namora causando apenas a dor.

Que universo minha alma foi entregar a minha calma?!

Acabei ficando doente e da minha vida fiquei descrente,

Minha rainha me deu um pé na bunda e eu caio na rua imunda,

Sem direção, rasgo meu peito chorando e na chuva eu saio andando.

Sem reino encantando, sem meu dragão domado.

Apenas eu e minha decepção e a me espreitar a dona solidão.

Aceito que fui o idiota, mas não vou aceitar a derrota,

Dou-lhe a chance do meu reino inteiro ou de todo o meu dinheiro

Mas o tempo de minha cura é o tempo de sua chance sem frescura.

Humilho-me, luto, mas se em meu coração nascer uma cicatriz.

De rainha você voltara a sua posição de meretriz.

André Zanarella 28-06-2013

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 06/07/2013
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