AUTÓPSIA DA CORRENTEZA
A avenida é rubro traduzido
no retrovisor veloz. Embriagados
o grito algébrico
a vida cor de pensamento
o eco gênese-apocalipse
vestem a noite de cartazes
e despem o sono, tiquetaqueando
o néon uivante das boutiques
na sombra-cobertor das calçadas.
A contabilidade transfinita
e o genoma dos mitos
pulsam na serpentina dos passos
o clorofórmio do ontem.
Ri Dom Quixote os moinhos
cheirados pelo olhar
na foto cinza-catarse:
o desejo em liquidação
o desemprego do sonho
o herói sem garantia de fábrica.
Veloz...
Explode a noite em gargalhada
– testemunha cínica
e enxadrista
Encrespa a saudade frisson. O
mercado de apelos, o mercado de prantos
espasmos, perfume em notas de asterisco
o charme do chambre à brechó
teto do mundo ao chão de si mesmo
numa poça de absinto, a lua
tímida afivela aos nervos do reflexo
as linhas do suspiro
e sonhos e costumes e medos.