Quando tudo parece não passar de nada
O tempo vai passando
E arrastando consigo
Tudo aquilo em que acreditávamos...
Tempo grande sábio e vilão,
Passa aplicando dosagens
Exageradas de realidade.
Nos faz perceber que as coisas não serão como antes,
Que talvez as coisas de antes nunca foram
Ou que simplesmente tudo não passa de nada...
É estranho dizer que era feliz
E hoje não saber o que é felicidade,
Nem ter certeza de sua existência.
Me incomoda um dia ter tido esperanças.
Ela fingia estender as mãos
Para me levar até a realização de certos ideais,
Mas é falsa, não passa de espera!
Esperei, esperei
E hoje tenho apenas
A ausência disso aí
Que todos precisam para viver,
Inclusive eu!
Escrevi poucos textos
De forma otimista.
Odeio todos eles!
Escrevi baseando-me
Em olhares e conversas.
Acabei descobrindo que parte desses olhares
Não passavam de reflexos meus,
E as conversas...
Logo o otimismo cega, engana, imobiliza.
Tenho nojo da caneta e das folhas
Que utilizo para escrever.
Uma me ajuda a borrar as folhas
Com essas coisas que eu não sei se gostaria de ter escrito,
Enquanto a outra aceita tudo,
Sem protestos ou tentativa de fuga,
Deve ser suicida...
Quase duas da manhã
E eu continuo perdida
Entre dúvidas e reflexões...
Outra noite em que o sono
Abriu espaço para que meu silêncio
Se manifestasse...
Talvez se não existisse noite
As coisas fossem diferentes.
Mas eu não sobreviveria
Passando vinte e quatro horas
Em meio aos barulhos do mundo,
Necessito de um espaço
Para ouvir meu coração...
Não sei dizer se o tempo
Tem aproximado ou me afastado
De mim mesma,
Sei apenas que aqui dentro
Cai uma tempestade de perguntas e incertezas...
Melhor parar por aqui,
Antes de ser afogada por interrogações e reticências,
Que acabaram de declarar guerra em meu interior...