Canceriano que sou
Não consigo dormir,
novamente caminho no escuro,
masoquismo puro
nesse tão conhecido ir e vir.
Meu amor dorme, de novo.
Nada parece mudar
nessas noites que teimam em parar.
Não sonho mais com o prazer em nós,
posto que dois viraram um.
Algumas vezes, nenhum.
E se viram tão sós.
Estar só sem estar sozinho,
difícil entender,
se o amor virou carinho
em um dar sem receber.
Como mudar essa sina,
essa minha rotina,
de tentar apenas não enlouquecer.
Tanto tempo tentei entender o teu amar,
esse jeito de se dar,
apenas assim, passivo, quase inerte.
Eu queria o flerte
com essa mulher,
que já não sabe flertar.
Quero um amor por inteiro,
canceriano que sou,
sempre me dou
como se fosse o último, derradeiro.
E a noite não passa,
persiste,
insiste em ficar.
E o mais intrigante
é que não há culpas que se possa cobrar.