Níveis

Euna Britto de Oliveira

Não sou mais analfabeta.

Sei que existem alfa, beta, delta, teta...

Ômega é o bordado da toalha da igreja,

Uma letra grega semelhante a uma ferradura.

Eu sou a que espiou o frio

E agora, numa rede tropical,

Conta nos dedos de uma só mão

Os níveis conhecidos da consciência

E ainda sobra o polegar.

Só posso vigiar até o segundo nível,

Do terceiro em diante, é sono, inconsciência,

Transporte, viagem em virtual disco voador e

Compromisso de completo esquecimento,

Mas de vez em quando trapaceio e lembro...

Conto meus filhos nos dedos da outra mão

E não sobra dedo algum.

Se eu fosse ter todos eles outra vez,

Receberiam nomes bem diferentes,

Conforme a hora e as vivências,

As preferências do momento, as variáveis...

Um nome é uma coisa muito importante,

Personaliza o destino da gente.

A vida é um jogo de forças tão elementares

Que acaba ficando complexo.

O homem, quem atraiu fui eu,

No livre arbítrio de nossas semelhanças

Que depois foram ficando diferentes, indiferentes...

Mas naquele momento era tudo o que éramos.

Hoje, a gente se ajuda,

E um vai amparando ou esperando o outro

No infinito progredir...

No mais, estou do acordo com Adélia Prado:

“Erótica é a alma."

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 04/04/2007
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