Da Reclusão da Alma na Carne e no Pecado
Recluso entre letras incandescentes;
crepitando na chama resplandecente
de uma poesia iridescente como o sol
que queima no peito sob a luz translúcida do arrebol,
que é a pura mistura das cores e inspirações
convalescentes de um mal nesses corações
que apaixonados adoeceram em nostalgia,
que já não pulsam com a vivacidade de outros dias.
Recluso às linhas de um caderno farpado e velho;
revigorando em versos as trilhas de um ancião
que ressurge em alma entre uma e outra vida
e, compreende as lutas nessa sublime resignação,
que é sofrimento e de tão ávido já é contento
nessa penumbra que vem do olhar tão resiliente
que comumente as lidas tão vãs e arbitrárias e vividas
e, de toda a superação o aprendizado faz-se real.
Recluso a alcova sem que me mova de algum lugar;
buscando em si mesmo os paradigmas desse luar
que tão prateado inspira até o mais algoz momento
que pela madrugada liberta o espírito do corpo denso
que é tão grosseiro e tão ligado a essa enfermidade
que prende os sonhos, que finca os pés na irrealidade
de todas as buscas pelos caminhos de uma verdade;
que se ocultou a tempos nos pergaminhos dos onze sábios.
Recluso à mística tão intrínseca da eternidade
recordo as parábolas que então repletas de inverdades
encobrem ao vulgo toda pureza dentro as metáforas
que entrelinhas revelam algo entre a transcendência e a mácula;
e na metonímia da magia viva por entre todas as estrofes
o sábio cala e intercala os anseios e os devaneios
e, sua vontade sobrepõem-se a idade de todas as eras
e, a sua lenda pessoal é como um retrato do caos das guerras.
Recluso ao corpo segue absorto esse raciocínio
e, o inconsciente já está ciente dos seus pecados
inenarráveis e tão palpáveis nessas visões
que povoam meus dias, que incitam minhas contemplações.