REFÚGIO DOS ANJOS

Decifrando o código lunático,

entre sóis desalmados serpenteia,

esmiuçando coriscos na bateia,

o chuvisco de um tempo desalmado,

atrelando o profano ao sagrado,

disseminando o bem e a tirania.

Desatando o misterioso laço,

a aliança da noite com o dia.

No inferno de um deus mal coroado,

anjos pervertidos aplaudem e vaiam,

regurgitam preces em alto brado,

entre chamas rezando de joelho,

tantos garfos, chifres e espadas,

exibidos diante do conselho,

que carrega a balança da justiça,

suportada no cume do pentelho.

A visão sempre turva permanece,

a claridade cega mais que a escuridão.

Quem tudo sabe enfim nada conhece,

pois desconhece a imperfeita perfeição.

Depois de desvendada toda a trama

as entidades sem resquícios de vergonha,

dão outra baforada e gargalham,

e repassam o cigarro de maconha.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 03/07/2013
Código do texto: T4370585
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