REFÚGIO DOS ANJOS
Decifrando o código lunático,
entre sóis desalmados serpenteia,
esmiuçando coriscos na bateia,
o chuvisco de um tempo desalmado,
atrelando o profano ao sagrado,
disseminando o bem e a tirania.
Desatando o misterioso laço,
a aliança da noite com o dia.
No inferno de um deus mal coroado,
anjos pervertidos aplaudem e vaiam,
regurgitam preces em alto brado,
entre chamas rezando de joelho,
tantos garfos, chifres e espadas,
exibidos diante do conselho,
que carrega a balança da justiça,
suportada no cume do pentelho.
A visão sempre turva permanece,
a claridade cega mais que a escuridão.
Quem tudo sabe enfim nada conhece,
pois desconhece a imperfeita perfeição.
Depois de desvendada toda a trama
as entidades sem resquícios de vergonha,
dão outra baforada e gargalham,
e repassam o cigarro de maconha.
Saulo Campos - Itabira MG