Doa-se um coração
Doa-se um coração,
Estou abrindo uma exceção,
Mas não é por mal, ele sempre foi um bom companheiro,
Decidi oferecer esse membro tão sincero, mas insensato.
Por ser um coração incomum e deveras verdadeiro.
Doa-se um coração muito bem conservado,
Batendo acelerado, mas que já fora decepcionado,
Cedi a ele um espaço e ele me contrariou,
Um coração leal, mas por vezes ingrato,
Que me jurou não fazer o que acabou fazendo muitas vezes,
E quebrou a cara e se partiu.
Doa-se um coração verdadeiro,
Que já amou em segredo, e prometeu não se machucar,
Mas quebrou a promessa e se magoou,
Já esteve dilacerado, mas se recompôs.
Um coração solitário, mas parceiro,
Que sempre permaneceu ao meu lado e sempre me fez aprender,
Com as desventuras vividas e tantas aventuras desatinadas.
Doa-se um coração sofrido,
Já desiludido, com os porquês irrespondidos do mundo,
Seu bater já fora mais alegre, mas ainda há tempo de se reerguer.
É um coração humano, com defeitos e imperfeito
E marcado pelas mazelas da vida, assim
Já chorou e sofreu e até ameaçou parar, por muito padecer.
Doa-se um coração machucado,
A base de contrato, com cláusula de arrependimento posterior,
Se não lhe agradar eu o aceito de volta,
Pois ainda que me contradiga,
É um coração puro e com enorme vontade de ser,
É um membro necessário, para quem quer um intenso viver.