Sem
Meu coração está envolto por um manto de espinhos.
Hoje, quero deitar na minha cama de dolo e adormecer,
Ficar estática até que meu corpo se decomponha sem que ninguém sinta falta.
Por muito tempo permaneci com as pálpebras
Costuradas com arame enfarpado e,
Então quando finalmente tive coragem de abri-las
Me dei conta da inutilidade de minha existência.
Esta que é tão vaga e tão vil, ascendendo ao extremo da vileza.
Por um instante vago pensei que poderia mudar o mundo.
Que ingênua fui!
A causa de todos os males está em mim
E eu era quem alimentava toda a perfídia
Que sugava o vigor dos inocentes, a esmola dos miseráveis,a pureza dos recém-nascidos.
Sim, sou eu! Acuse-me de toda perversidade.
Sou a responsável pelo sofrimento, fui apática em relação a ele.
Tantas vezes desviei meu caminho para evitar me confrontar
Com sua podridão que tanto me incomoda
E ao mesmo tempo mata minha sede nos dias de sol escaldante.
Sou um verme! Pior que você porque insisto em respirar sua vagarosa putrefação
E isso de certo modo alimenta a minha alma.
Sim, esse sou eu do avesso, a face nunca mostrada,
O reflexo legítimo da parte interna de mim.
Por ora ,peço perdão pelos dias longos e de futuro escaço.
Redimo-me com minha ausência, Já que em nada fui relevante até agora.
Se viver não for para sentir e fazer sentido
Melhor é que se apresse o ciclo.