Música

Já que a alma vibra

Já que o que pensas tem fibra

Crie-se algo que se faça sentir

Disso tudo a harmonia

Canta ao ouvido, impera a libido

Música, beleza e destreza de um ruído

A chance de entender o prazer

De fazer da dor um dialogismo

Grave ou aguda, que só ela lhe acuda

Nos momentos que só se tem a si

Ouvindo ruídos sem graça

Da linguagem humana bucólica

Fadada a entender, quem fracassa

E a música fica distante dos dizeres

Que foram disparados, para matar prazeres

Aqueles alcançados na harmonia

No complexo e perplexo covil dos sonhos

Pingos de realidade fantástica

No mundo material, da perdição

Vida sendo factual, é só maldição

Compra-se e compara-se, confronta-se

As notas que recebes, anotas

Na sua cabeça, para o resto da vida

Mas importante mesmo é aquela nota

Da musica que não para de dar ritmo

A explosiva loucura sonolenta

Do real, dos movimentos, do pasmo

Dos seres que não querem

E que nunca vão estar atentos

E o ruído que não seja música

Pois música é a salvação

E se algo realmente fez

Tudo isso por acidente

Sua anterior intenção era compor

Era fazer música, para acalmar

O vazio doente que se sente