LEMBRA-TE
Quando da morte o sentido
te embaçar de tudo os olhos
onde era o clarão matinal
e pássaros livres nos galhos.
Quando avistares o abismo
sem as muralhas de ontem
e veres sumir o futuro
antes que o comuniquem.
Quando o palor do desatino
e a solidão do espírito amargo
te revelarem o desespero
e ainda o sonho que alarga
e mesmo quando no sonho
da imerecida e súbita glória,
fores cavalo indomável
rumo ao primeiro páreo;
lembra-te sempre, lembra-te,
incontidamente sempre,
que o que vale é não deixar
que o indubitável te compre.