DÚBIO
Sou o auto-abandono e a busca do ninho
Existo entre o medo e a certeza
Trago a pequenez e a grandeza
Sou o sim covarde e o não do carinho
Uma parte de mim vive ao relento
Sem esperança se cala na dor
Outra parte ostenta esplendor
Banha-se na luz do divino acalento
Uma parte de mim chora infeliz
É da própria solidão prisioneiro
Outra parte canta em verso ligeiro
E é da própria razão o juiz
vivo conflitantes missões, dissabores
Eu sou dois em um contraste eterno
Sou passado e futuro, antiquado e moderno
Sou os olhos do mundo e a alma das flores.