HA UMA FOICE EM MINHA MÃO
Há esta foice em minha Mão
Tão pesada...
Tão fria...
Há noite me cerca em silencio sepulcral
Estrelas em cortejo mudo
Lua sem palavras
Sem poemas hoje dama da noite?
Sem poemas...
Quero acreditar que tudo mudou
Quero esquecer cada corte cada rasgo
Quero esquecer as cicatrizes
Mas a noite veio me dizer que não!
E na minha Mão?
Há esta foice em minha Mão
Alfanje da senhora das sombras?
Símbolo seu dona morte?
Arma de antigas revoltas medievais e campesinas
É tão pesada...
E tão antiga esta foice...
Por que a tenho?
Terei eu abrido a golpes caminhos pela vida?
Ou foi por defesa que golpeei as cegas em batalhas indesejadas?
Sob meus pés a relva úmida nada diz nada vê, nada sabem.
Velhas casas testemunham minha cena
Em alguma delas alguém canta
Uma canção suave em voz doce
Em algum lugar de minhas trevas alguém esta feliz
Minhas mãos tremem...
Sinto maior o peso
Vejo melhor o sangue
E o gosto que o sangue tem
Tão perto de mim que entendo tudo alguém ainda canta
Despreocupada melodia de amor
Quero isto...
Agora eu sei...
Quero muito isto
Quero dizer a ela...
Faze La entender
Quero cantar também...
Quero ir ate La...
Mas não vou...
Há esta foice em minha mão.