[A estética das ligações frágeis]
[A fragilidade é sublime...]
Sou desconfiado...
Se não se trata do Amor,
se não se trata da Dor,
que estes sabem mesmo
como espinhar a gente,
eu descreio de toda intensidade!
Eu amo as ligações fracas,
estas, que com facilidade,
se desatam, se desfazem,
e são logo substituídas
por outras, também fracas...
A perenidade das ligações
traria o cansaço, instalaria o tédio,
e mataria, por sufocamento,
a tenra busca do novo!
Também amo os liames frágeis
entre as palavras várias:
assim, instauram-se nas mentes,
com obscura clareza,
os sentidos contraditórios,
as conclusões inconclusivas,
as mentiras verdadeiras,
os paradoxos encantadores
criados pelos múltiplos sentidos!
Que coisa mais bela, mais plástica
é ver partir-se o elo mais fraco
da corrente julgada forte!
Ah, tão bela quanto ignorada
é a estética das ligações frágeis!
Que coisa mais deplorável
é ver pessoas lamentarem
a morte das intensas ligações
de suas impermanentes vidas!
E que ótimo exemplo de pífia coragem
nos dão as pessoas que têm fé na vida,
e de medo do salto no abismo do Nada,
tentam estender o ser além do umbral da Morte!
Para apreciar a estética das frágeis ligações
basta estar presente no Teatro da vida!
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[Desterro, 25 de junho de 2013]
[Excerto do meu Diretório Agora 2013]