[A estética das ligações frágeis]

[A fragilidade é sublime...]

Sou desconfiado...

Se não se trata do Amor,

se não se trata da Dor,

que estes sabem mesmo

como espinhar a gente,

eu descreio de toda intensidade!

Eu amo as ligações fracas,

estas, que com facilidade,

se desatam, se desfazem,

e são logo substituídas

por outras, também fracas...

A perenidade das ligações

traria o cansaço, instalaria o tédio,

e mataria, por sufocamento,

a tenra busca do novo!

Também amo os liames frágeis

entre as palavras várias:

assim, instauram-se nas mentes,

com obscura clareza,

os sentidos contraditórios,

as conclusões inconclusivas,

as mentiras verdadeiras,

os paradoxos encantadores

criados pelos múltiplos sentidos!

Que coisa mais bela, mais plástica

é ver partir-se o elo mais fraco

da corrente julgada forte!

Ah, tão bela quanto ignorada

é a estética das ligações frágeis!

Que coisa mais deplorável

é ver pessoas lamentarem

a morte das intensas ligações

de suas impermanentes vidas!

E que ótimo exemplo de pífia coragem

nos dão as pessoas que têm fé na vida,

e de medo do salto no abismo do Nada,

tentam estender o ser além do umbral da Morte!

Para apreciar a estética das frágeis ligações

basta estar presente no Teatro da vida!

__________________________

[Desterro, 25 de junho de 2013]

[Excerto do meu Diretório Agora 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 26/06/2013
Reeditado em 28/06/2013
Código do texto: T4359295
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.