SEMPRE CULPA DA CANETA

Tenho uma caneta diante de mim

Uma reles esferográfica azul

Acho que é bic...

Deve ser...

Inquieta e delirante caneta quando esta entre meus dedos

Sabe bailar ela

E que dança indecente ela faz

Sabe protestar

Sabe assustar

Aprendeu a urrar

Faz sofrer e faz sonhar

A pequena caneta é mesmo poderosa

Um Vicio tenho que admitir

Quase uma extensão do meu braço

Do meu cérebro

Do meu ser

Às vezes é como se não fosse eu

É como assistir as palavras que surgem na esteira desta caneta agitada como se não pudesse saber de onde elas vem

Sim a pena mais forte que a espada

Tem vida própria à pequena bic

É minha maldição e meu prazer

Ouço seus chamados nas horas mais estranhas

O raspar seco de sua ponta em papeis

Cadernos de linhas

Blocos de rascunhos

Papeis em calhamaços

Não escolhe lugar ou tipo a avoada

Só escolhe motivos

Só desnuda sonhos e medos

Às vezes vejo com susto textos meus que eu não lembrava que existiam

Meu amor me diz “ES um pai relapso com teus filhos poemas como podes não lembrar que escreveu estes?”.

Faço alguma piada

Solto algum tolo gracejo infantil

Mas na garganta contenho a custo a frase que quer sair

Não fui eu meu amor... não fui eu !

Foi à caneta!