NA HORA DA MINHA MORTE...

Quando, do respirar não mais eu sentir o efeito

E no peito quebrantado a última fibra romper.

No silêncio suscitado sobre minha partida

Numa ode atrevida, que possa alguém dizer:

Foi feliz e inquieta e infelizmente foi humana,

Com uma meta insana de ser um pouco como Deus,

Que digam os mais ateus, com toda incredulidade:

"Viveu fora da realidade alçada em seus apogeus."

E usando a tônica frequente nesse momento triste,

Um dos presentes liste, as qualidades da tal morta,

Enquanto alguma criança em sua inocência uniforme,

Pergunte: Porque ela dorme coberta por uma porta?

Pode ser que prestigiem-me com uma coroa de flores,

Uma com esses odores bem típicos de um defunto

Com uma faixa enrolada escrito: "Saudades eternas"

Margaridas em minhas pernas e com um rosário junto.

Perguntarão o motivo, lamentarão minha ida,

Bem, não estou convencida sobre a lamentação.

Uns chorando sem emoção e outros tantos sem chorar

Com a cabeça a balançar em sinal de negação.

Finalmente no enterro cada qual com sua parcela

Tomaria um punhado de terra pra intensificar o drama,

E no auge do ato cairia aquela chuva tremenda

O vento carregaria a tenda e me enterrariam na lama.

Dirão depois de eu partir: "Ah, ela era boa gente!"

O amigo mais indulgente fará menção à minha "boa conduta"

Mas ficará entre meus "ex maridos", como algo não compreendido

Os incógnitos sorrisos de: já vai tarde esta...

...Grande mulher!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 21/06/2013
Código do texto: T4352428
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.