NA HORA DA MINHA MORTE...
Quando, do respirar não mais eu sentir o efeito
E no peito quebrantado a última fibra romper.
No silêncio suscitado sobre minha partida
Numa ode atrevida, que possa alguém dizer:
Foi feliz e inquieta e infelizmente foi humana,
Com uma meta insana de ser um pouco como Deus,
Que digam os mais ateus, com toda incredulidade:
"Viveu fora da realidade alçada em seus apogeus."
E usando a tônica frequente nesse momento triste,
Um dos presentes liste, as qualidades da tal morta,
Enquanto alguma criança em sua inocência uniforme,
Pergunte: Porque ela dorme coberta por uma porta?
Pode ser que prestigiem-me com uma coroa de flores,
Uma com esses odores bem típicos de um defunto
Com uma faixa enrolada escrito: "Saudades eternas"
Margaridas em minhas pernas e com um rosário junto.
Perguntarão o motivo, lamentarão minha ida,
Bem, não estou convencida sobre a lamentação.
Uns chorando sem emoção e outros tantos sem chorar
Com a cabeça a balançar em sinal de negação.
Finalmente no enterro cada qual com sua parcela
Tomaria um punhado de terra pra intensificar o drama,
E no auge do ato cairia aquela chuva tremenda
O vento carregaria a tenda e me enterrariam na lama.
Dirão depois de eu partir: "Ah, ela era boa gente!"
O amigo mais indulgente fará menção à minha "boa conduta"
Mas ficará entre meus "ex maridos", como algo não compreendido
Os incógnitos sorrisos de: já vai tarde esta...
...Grande mulher!