NÉVOA

Quando me reconheço,
em meio à loucura,
é que vislumbro uma ponta
sutil de felicidade.
Já não existe a procura,
apenas a visão do começo
e um caminho que me aponta
para o que sou de verdade.

Olho em volta, percebo ausências;
poucos andam por aqui!
Por detrás da névoa esparsa
dos sentidos, diviso minha imagem
percorrendo tudo o que vivi;
tudo o que, em inocências,
deixei de ver-lhe a farsa.
Eu, meio fantoche, meio personagem.

Assim entre a névoa e a lucidez,
a delimitação do espaço do ser,
do trem que não vai a Londres,
da estrada que não leva a Versalhes,
fiquei. E fiquei sem mesmo saber
que a figura que de mim se fez
é o que em ti melhor escondes:
da menina-mulher os detalhes.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 21/06/2013
Reeditado em 21/06/2013
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