CANTO 89
Amador Filho.
Sou um ser em holocausto; meu sonho fora um sacrifício continuado e silencioso, teve a fulguração de um círio ante um ídolo, como uma agonia de pétalas ante um altar, sob a crueldade da vida, quebrou-se como uma flor, evaporou-se como um incenso.
E eu te amei Lea, como duas crianças se amam, com a premência angustiosa do momento e da idade, com a casta idolatria das nobres paixões imortais.
Minha amizade foi pura, sincera, destituída de desejos vis, de sentimentos mesquinhos.
Como o zéfiro perpassando as rosas orvalhadas nas belas manhãs de primavera, tu passaste em minha vida, deixando uma esteira de sofrimento, de dor e de lágrimas.
Santa luz, primavera de 1961.