Ao Primeiro Amor
É bem possível que um dia
Quando fores ler o que te escrevo
Rebusques nas orlas da memória
A intensidade do que hoje vejo...
Nosso amor, sutil veneração
Bálsamo suave em nossa juventude
Trazia as cores fortes da paixão
Mistos semitons de beatitude
Eu e você... Como era gostoso!
Éramos nós, uma dupla um par
Mais que um casal harmonioso
Retrato vivo de alegria singular
Primeiro amor...Emoção pioneira
Sentimento que o tempo não desfaz
Menininha tímida, faceira...
E o porte orgulhoso de rapaz!
Descobertas, silêncios, aproximação
Sonhos, juras, rosas...Poesia!
Limite tênue da ilusão
Entre o real e a fantasia...
Manhã de sentimento orvalhado
Frescor na trajetória da idade
Carinho... Apreço imaculado
Princípio genuíno de felicidade
Mas veio o tempo implacável
Assolar nosso encantamento
Danificando de maneira irreparável
A simplicidade deste relacionamento
Amarga veio, a separação
Já não havia o elo invisível
Destituiu-se toda a compreensão
Tornando nosso par... incompatível
Nossas buscas se distanciaram
Privados fomos daquela comunhão
Nossas almas tristes se apagaram
Emudecemos frente à desolação...
Custei-me a habituar-me de verdade
A sonhar e viver com outro alguém
Tudo era igual... e parecia crueldade
Viver coisas que juntos, nós sonhamos também...
Até que tudo se aquietou
Minha alma cedeu teu coração
Abriu-se a outro mundo e libertou-se
Transportando-te para outra dimensão!
E assim, encontrei a felicidade
Realizei os sonhos que me ensinastes
Mas havia sempre a curiosidade
De saber se tu, também os encontraste
Agora deixo a ti, esta recordação
Que o tempo arquivou para a eternidade
Lembranças que compõem quase uma tradição
Que valoriza mais a nossa mocidade