O VELHO MENDIGO
Jacente sobre a calçada
coberto pelo abandono
o frio gela-lhe a alma
encolhido como um cachorro sem dono.
Oportunidades não lhe chegam aos seu propósitos
predestinado em seu perambular
alimentando com as migalhas que a vida lhe proveu
sólito não tem com quem confabular.
O que reside em sua memória é o seu abandono
renunciado pelos seus progenitores
que sem morrer de amores
sobrevive nas ruas das amarguras
colhendo centavos de doadores.
O emprego lhe é repudiado
pelos seus adornos maltrapilhos
assim como o seu coração rasgado
alvitrado em ser um andarilho.
O sol bate-lhe de leve
sondando em acorda-lo
desperta-o para a sua realidade
é a tristeza novamente a interroga-lo.
Vagante pelas ruas
a mendigar o seu prover
uma quentinha lhe aquece o estômago
nem todos os dias há o que comer.
Assim vai mendigando aos Céus
o provir que lhe chegue paz
quando o Onipotente compadece ao seu acato
levando-o para junto de si
aquele pobre velho incapaz.