PREENCHENDO

Como eu queria preencher o branco

dessas páginas inúteis e vazias

com a aridez do meu jeito tão franco

que ficou cravado, em mim, nesses dias!

Preencho-a com o vinho tinto

Que tomei na nossa lúbrica ceia

Que na penumbra, este soturno absinto,

Fez verter o tempo em grão de areia.

E a branca página, agora tão bonina,

De lágrimas das letras desta solidão,

Cujo seu motivo, era motivo de menina,

Ter todo amor na palma da mão.

O que não me falta é um bom motivo

Para colher as flores que plantei

no meu jardim que hoje inda tão vivo

por este tempo que tanto esperei.

E os restos da candura deste amor

que encheu forte o meu coração

possam de novo remover a dor

que já me fez sofrer de solidão.

De novo o amor quer me amargar,

Porque o mel que escorre tem ferrão,

nem sempre é doce o sabor de amar,

nem sempre é mel que escorre da paixão.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 19/06/2013
Reeditado em 19/03/2018
Código do texto: T4348996
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