Guarda-roupas
Resolvi organizar as coisas
Cansei dessa bagunça infernal
As tuas e as minhas coisas...
Quero entender o que sou eu,
Não o que és,
Tú sabes bem o que és.
Na verdade, penso eu, a culpa é das gavetas
Nelas guardamos aquilo que queremos esquecer
E, verdadeiramente, esquecemos...
E um dia, sem querer, chegamos a conclusão
Essas coisas não são mais necessárias
Porque guarda-las?
Tú sabes bem...
Depois tem os cabides. Meu Deus! Os cabides...
São eles os culpados por todos os casacos de todos os invernos passados. Casa de traças.
Estou cansada deles inventando desculpas para alimentar o frio...
Tú sabes bem...
Bem da verdade, tem esse maleiro maldito.
Cheio de cobertores, lençois que nem são usados,
Só estão ali para prestarem de recordação.
Tú sabes bem. E como sabes!
Enfim, pensando bem...
Talvez devesse comprar outro guarda-roupas,
Porém, ainda guardo (eu guardo) a vã esperança
Nessas gavetas dentro do meu coração,
Do valer a pena tentar.