Retrato de Sarau

Escrevo o poema derradeiro

Nas pálidas páginas de papel que me habitam sem letras,

sem fingimentos,

sem os abanos de leque

da imaginação.

Recolho todas as tardes de varanda

Todo o inquérito amoroso,

Todo perdão motivado pela condição do amor

Para fruir na mansão ovalada do adeus,

Onde prossigo visivelmente sonhando e vivo

Como quem atravessa o rio profundo

Sempre através do riso.

Riso meramente sintético.