Mecânica do coração
Algo dentro de mim bate em calmos compassos.
Sem pressa... Em total calmaria
A única coisa que escuto é o som das engrenagens
Que já quase sem força para continuar
Ainda insiste em rodar.
Há anos tudo é igual
Escuto as rangidas, mas não sei onde está o problema
Ou sei e não tenho coragem para deixar concertar.
Eis que de repente alguém bate a porta
Diz que já é hora de abandonar o medo
E deixar que alguém entre e concerte finalmente o que foi quebrado.
Mesmo com um pouco de receio eu o deixo entrar.
(mal sabe que não o deixarei sair nunca mais)
Aos poucos ele vai mexendo de um lado...
Revirando de outro...
Conectando os fios que foram partidos, apertando os parafusos
Trocando as engrenagens que antes não paravam de ranger.
Quando dou por mim, aquelas batidas que antes mais pareciam
Com uma marcha fúnebre
Hoje quase batem em ritmo de salsa.
E imediatamente percebo o quanto foi tola em ter medo
E não deixar que isso acontecesse antes.
Agora... Agora tudo já não é mais igual.
Antes o medo... Hoje a coragem
Antes um vazio... Hoje a outra metade
Antes calmaria inquietadora... Hoje uma agitação que acalma
Antes o desencontro e duvida... Hoje ao lado a certeza!
É engraçado como vida funciona
Pessoas que antes não tinham nossa atenção
Podem se tornar a “mola” que faltava para dar o impulso em nossa vida.
Até podemos tentar entender como funciona essa extraordinária engenharia
Mas se posso dizer que algo percebi
Foi de que tentar entender a mecânica do coração é perca de tempo
O que realmente importa é deixar que ela aconteça.