RECADO

Ouvirdes, ó súcios

Ouvirdes, o grito ensurdecedor da rua

Ouvirdes, claro e cristalino,

o cântico do povo que avança

Vede

Vede o sorriso da criança que brinca

Vede o velho amparado e protegido

Vede que o peso que o tempo lhe impôs,

não o faz menos frente as outros

Vede que a juventude,

incerta dos caminhos que a vida indica,

possa ela, olhar nos olhos septuagenários,

e ver que as lições de vida não estão nas enciclopédias

Ouvirdes, ó crápulas

Ouvirdes a marcha pelas ruas,

pelas ruas, livres de carros,

e tomada pelo povo,

dono legítimo do espaço que é de todos

Vede, súcios, crápulas e assassinos

Vede e sabeis, seus dias estão próximos

E saberão,

mesmo que escondidos em tumbas,

O povo,

outrora judiado e abandonado,

o povo tomou das ruas

e delas não sairá, assim será