A MÃO DIREITA

o cão vem

passa seu cucuruto em minha mão

in a d vertida

o papel re

bola

de

baixo dos dedos céleres

antes, outros papéis - cumprindo outros papéis (a vida

assim exige)

embolaram - antes mesmo de embolorarem -

bem antes de lançarem-se ao cesto

certeiros

a caneta continua ali

sem sair do abraço dos dedos

as páginas reviradas do livro

brigam

só para estar mais próximas das falanges

e os jornais que, desavergonhados,

querem o tato, os olhos, o colo todo?

a bala desembala-se, fica nua

só pra sentir o toque

antes do mergulho na boca

por último, por primeiro (pouco importa a ordem!)

só o dinheiro, tímido

insiste em não estar, em desestar, mesmo "estando"

enquanto as unhas - unhas são os olhos dos dedos,

as portas dos dedos, as cercas dos dedos -

seguem as cifras desiguais, no bolso