Luta Vã
Chega de mansinho
em doces palavras
murmúrio de fonte
calma, ternura e paz.
Ou num assomo
áspera, brutal
torvelinho de pensamentos
loucos e tortuosos.
Anjo ou demônio
santa ou meretriz
amor ou ódio
a bela ou a fera
ternura ou horror.
Entrega-se,
rende-se,
apaziguada
conquistada.
Ou se negaceia
rebela-se
volúvel,
sem dono.
Pacifica-te
ou atormenta-te.
Embala teu sono
em doce melodia
ou deixa-te insone
cacofonia atroz.
Não lutes, poeta,
entrega-te.
Contra a poesia
toda luta é vã.